Credores, de Strindberg, encenação de Paulo Pinto, Teatro da Trindade/INATEL, Lisboa, 13 de Setembro a 7 de Outubro de 2018

Paulo Filipe Monteiro

27 de Setembro de 2018

Assim vale mesmo a pena ir ao teatro: Credores, de Strindberg. O Paulo Pinto foi sagaz na escolha do fabuloso texto, nas opções que fez para a encenação e na equipa que reuniu [tradução tão fluida de João Paulo Esteves da Silva, a beleza acolhedora e densa dos cenários e figurinos de Ana Limpinho, as luzes clarividentes de Daniel Worm].
É impressionante como foi possível escrever assim, peça tão visceral e tão bien faite, as ideias, a construção, os diálogos! E que actores: a inteligência da Sofia Marques, a curva de progressiva revelação e dominação do Paulo Pinto, e o Ivo Canelas a conseguir fazer tudo aquilo ser contemporâneo sem deixar de ser Strindberg, relaxado, cheio de recursos sem cair no virtuosismo, gozando a liberdade de alguma dança da contracena que a encenação permitiu ou até propôs. O Ivo aqui roça o genial – e dizer só roça é para ele continuar a superar-se…


Paulo Filipe Monteiro encenou 16 espectáculos de teatro e fez dramaturgia para espectáculos de dança. Como actor, participou em várias peças, longas-metragens portuguesas e estrangeiras telefilmes e séries de televisão. Escreveu 8 longas-metragens. Escreveu a peça de teatro Área de Risco (1999 FCG). Realizou os filmes Amor Cego (2010), Zeus (2017), que ganhou 12 prémios em Portugal e no estrangeiro, e Pas de Quoi (2020).
Professor Catedrático da Universidade Nova de Lisboa: fundador e coordenador do Mestrado em Artes Cénicas; coordenador da variante de Comunicação e Artes do Mestrado e Doutoramento em Ciências da Comunicação. Foi professor convidado em universidades da Europa e Brasil. Recebeu o Prémio Joaquim de Carvalho para o livro Drama e Comunicação (posteriormente reeditado no Brasil).

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