A Palavra e a Materialidade

 Sobre o 1 000 058.º Aniversário da Arte, organização de Patrícia Portela, Teatro Viriato

 

António Figueiredo Marques

Reflexão sobre o projecto 1 000 058.º Aniversário da Arte (2021) com coordenação de Patrícia Portela, directora artística do Teatro Viriato à data, a convite de quem escrevi este ensaio. Hoje já distante (mesmo que não soubéssemos, tudo havia de voltar ao normal), foi uma festa realizada no período de confinamento devido à Covid19 e o texto foi escrito com um sentimento algo apoquentado.

Utilizando recursos digitais da internet e das plataformas de streaming de vídeos, o projecto de curadoria cruza esses universos virtuais com o mundo físico – e na altura doente; a doença recordando vivamente que somos sempre corpo e matéria. Através das imagens em movimento, da linguagem verbal e da carga aural, é a palavra sonora que releva uma certa atmosfera, onde mergulhamos.

O Aniversário da Arte, como Portela reconta no primeiro vídeo, foi colocado no calendário em 17 de Janeiro de 1963 por Robert Filliou, artista associado ao movimento Fluxus, ao proferir que, há um milhão de anos, alguém deixou cair uma esponja seca numa tina com água e a arte nasceu. Nesse dia, em 1974, Ernesto de Sousa, celebrou essa efeméride também.

Com esse mote, o Teatro Viriato organizou e disponibilizou em linha uma série de 19 vídeos curtos, de 1 a 18 minutos de duração (aqui a playlist no Youtube) dando vivas à arte que então estava também confinada. Alguns vídeos foram produzidos de propósito para esta iniciativa, outros foram integrados na curadoria, e representam obras já desenvolvidas pelos seus autores, também parceiros do projecto.  Dessas 19 peças, devido a direitos de autor, apenas 15 se conservam hoje de acesso livre, que se listam de acordo com o programa:

  1. Aniversário da Arte: uma introdução por Patrícia Portela
  2. Brindes à Arte com António Alvarenga
  3. com Henrique Amoedo
  4. com Odete Paiva
  5. com Joana Craveiro
  6. com João Fiadeiro
  7. e com Pedro Santos Guerreiro

(os vídeos de 1 a 6 são de 2021 e produzidos pelo Teatro Viriato)

  1. Entrevista de Delfim Sardo a Marina Abramović sobre Ernesto de Sousa, escolha de Isabel Soares Alves. c. 1977. Alternativa Zero.
  2. O Nascimento da Arte (desenho em tempo real e piano) de António Jorge Gonçalves e Filipe Raposo. 2021. Co-produção com Museu do Côa.
  3. Fontelo (performance) de e com Nuno Veiga. 2018. Jardins Efémeros.
  4. Lichtspiel Opus 1., de Walter Ruttmann (cine concerto) com Gonçalo Alegre. 2019. Co-produção com Cine-clube de Viseu.
  5. [indisponível online] Excerto de Sinais de Pausa (dança) de e com São Castro e António M. Cabrita (produção Companhia Paulo Ribeiro). 2020.                     
  6. IN A LANDSCAPE com Joana Gama e Luís Fernandes (música electrónica e piano). 2021. Teatro Viriato.
  7. [indisponível online] Árvore (música) com Fernando Mota. 2021.
  8. [indisponível online] LUMP (música) com João Almeida e Mariana Dionísio. 2021.
  9. O Monólogo das Nossas Peças de Albano Jerónimo e Mickaël de Oliveira. 2021.
  10. [indisponível online] Senhor Jorge (música) com Jorge Novo, Gonçalo Alegre, Rui Sousa, João Pedro Silva e José Pedro Pinto. 2021.
  11. O Corpo e as Linguagens (videoarte) a partir da obra de Luís Miguel Nava, com coordenação de Luiz Antunes e co-criação de Ricardo Correia, Paula Magalhães, Liliana Velho, Tiago Resende e Gustavo Garcetti. 2021.
  12. A Maior: visita guiada (visita guiada digital) com Bruno Zhu. 2021.

 

AMBIGUIDADES

17JAN21. O Subpalco do Teatro Viriato confronta-nos com mais uma ambiguidade. O subpalco não é lugar do teatro, e é ali que é feito. O subpalco está debaixo das tábuas, e ainda assim nos chega a casa. O subpalco que fabrica a imaginação. O aniversário 1 000 058.º da arte, pandémico e aflitivo, é sobre a materialidade.

Por vezes, parece que é a palavra o mais imaterial dos bens, e nem é propriamente um bem. Matéria: o suor do corpo, os sons que nos chegam aos ossos do ouvido fazendo-os vibrar, a matéria de uma linha de cor que se desfere à frente dos nossos olhos sensíveis à luz, a tangibilidade das árvores na natureza, até a concretude da História gravada nas rochas duradouras, até a realidade da prosa que se traduz nos gestos precisos e no encadeamento das articulações do corpo e da fisiologia. E a palavra de todos estes artistas, é dizer, o gesto discursivo da escrita em vários meios e suportes, volve-se material, torna-se textura. O espanto volve-se legível.

Virados para dentro que estamos, dentro de casa, se possível, dentro da cabeça, em papa, o encontro tangível na sala de teatro, quando peço licença para me sentar e toco nas pernas da outra pessoa, quando espero à porta que amigos ou desconhecidos a quem quero dar uma palavrinha saiam, estes encontros do quotidiano imigraram. Falamos todos uma língua desconhecida, como quando os meus tios foram para a Alemanha nos anos 70. Agora a imigração foi para os dispositivos digitais. A tudo ganhou a dispersão, a virtualidade da distância. Pode o teatro ganhar à distância? Este é um subpalco que, no mínimo, quer o tangível, nem que seja pelo imaterial. E, assim, propõe uma sinestesia entre palavra e materialidade.

Falava antes da ambiguidade, esta que é o fecho simultâneo com o início. Encerram-se as cadeiras, ao mesmo tempo que se abre uma temporada. Eu, espectador, investigador e performer, sinto-me, no mínimo, enganado. Com uma esperança escondida e uma desilusão evidente.

Nesse ponto, pausadas e assertivas, surgem as palavras de Patrícia Portela à frente de um bolo, de uma casa, de uma assembleia de gentes acompanhada por uma música que diz que os tempos não estão de feição. Cada palavrinha de parabéns nada ao acaso. Ouçamos de novo.

 

BRINDE EMBRIGADO

Logo de seguida, brindamos com convivas, parceiros, convidados. Fazer um brinde é, do ponto de vista da Pragmática, criar uma realidade. Digamos de outro modo: para fazer acontecer, a palavra tem o poder de criar: evento, corpo, contexto, tal como quando se diz “eu baptizo-te, Eugénia”. Será uma série de brindes compulsivos, como se estivéssemos muito felizes e muito bêbados, de António Alvarenga, Henrique Amoedo, Joana Craveiro, João Fiadeiro, Odete Paiva, Pedro Santos Guerreiro, Isabel Soares Alves. Alguns são de convite, desejando abertura para todos, inclusão e auspícios, alguns lembram a precariedade das artes e dos seus profissionais, alguns cultivam o devaneio, enxertam a incerteza.

A programação agora proposta pelo Teatro Viriato, assente fortemente no sentido da audição, partilha traços com o formato do telefone como palco (antes desenvolvido por Portela com a série Consultórios – Turístico, Vizinho e Literário, e o Festival Telefónico, por exemplo) enfatizando esta vibração mágica, da ordem do invisível, que não tocamos, mas se faz presença na nossa cognição. O audível como espectro de corpo: já Derrida concluía “Le téléphone, c’est le fantôme”, proferido no filme Ghost Dance, de Ken McMullen (1983). No nosso caso, o fantasma está no online.

 

MATERIALIDADES: DO SOM À ESCRITA

Artistas da música que entrelaçam o paradoxo de linguagens brincando com o (i)material. As palavras e a voz que soam vindas de outro tempo, numa sonoridade contemporânea e electrónica proposta por Senhor Jorge (com Jorge Novo, Gonçalo Alegre, Rui Sousa, João Pedro Silva e José Pedro Pinto) que conversam em paralelo com o ambiente digital que sobrepõe exterior e interior, numa viagem pelo piano, mesa de mistura e a estrada, em traço contínuo pela noite dentro de In a Landscape, com Joana Gama e Luís Fernandes.

No Nascimento da Arte, a palavra escreve-se através da legibilidade material do traço em tempo real, a cor que toma forma imagética, recuperando talvez o que seria o rupestre nos dias de hoje, com caligrafia de Filipe Raposo ao piano e desenho de António Jorge Gonçalves.

O instrumento que cria a música também é uma Árvore, performance de Fernando Mota, essa vida arborescente e vertical – árvore e palavra como um suporte – que surge apetrechada e inventa tonalidades em ondulações quentes. Da natureza também vem Fontelo, lugar de Viseu, imaterializado nas projecções de Nuno Veiga e nas crispações da atmosfera e da guitarra. Algures entre corpo e espectro, o humano recorta-se como uma assombração, seja Floresta ou Hamlet Rei shakespearianos, entre ameaça onírica e ambiental.

A linguagem despedaçada engendra Lump, tal plasticidade com sons sacados do trompete e objectos de João Almeida iguais às cordas vocais de Mariana Dionísio, trabalhadas em fonação pré-verbal porque, antes de qualquer sentido, está a pulsão da respiração, que passa dos pulmões, cavidades articulatórias até aos lábios que devolvem o fôlego ao ar.

E o som irá ainda entrar dentro do cinema, mudo, com Gonçalo Alegre numa curta de Walter Ruttmann. Há algo de futurista maquinal a uma distância do sentimento humano nesta recriação de Lichtspiel Opus 1. Da abstracção passa-se para a sensibilidade poética de Luís Miguel Nava, no trabalho conjunto O Corpo e as Linguagens, coordenado por Luiz Fernandes, em que o som é como que consequência dos corpos, dos quais irradia.

Muito se diz que a música é das coisas menos narrativizáveis, ou seja, capaz de estabilizar um sentido, um nexo definido, pelo que será susceptível de dar existência a mais campos exploratórios, metafóricos e reflexivos.

Já a palavra, fixa na escrita, na partitura, na coreografia, ganha uma tal precisão transmutada em Sinais de Pausa, em que o corpo de São Castro é feito de vírgulas ou articulações, com tal torrente exacta baseada na prosa de Saramago. Uma aparente dança de conceitos enformada na escondida simplicidade do ângulo, dada numa gestualidade incessante e depurada, uma acuidade em parelha com António C. Cabrita, com quem conversa, fosse um quotidiano estilizado, sempre lhe oferecendo os joelhos, as plantas dos pés, as palmas das mãos. O movimento é como uma escrita, quase se notam as sílabas e as cedilhas num fluxo para-orgânico de gestos.

E é explicitamente da palavra, em dois tempos, ora escrita, ora falada, que emana o aniversário de Mickaël de Oliveira e de Albano Jerónimo, recriando um Monólogo das Nossas Peças onde se prefigura o amor monstruoso e cínico e, porém, alentador.

 

PERFORMAR A LINGUAGEM

Sob o signo da linguagem, agrupemos e contrastemos duas peças da sequência Brindes à Arte, uma de António Alvarenga, outra de Joana Craveiro. Ambas são uma certa dramaturgia da linguagem em que esta é performada através da sua materialidade, seja em caracteres digitais num ecrã, seja em caligrafia num cartão na parede. Se em Craveiro temos uma tridimensionalidade, mais enigmática do que racional, em que quase faz parecer que as frases estão escritas num cubo que percorremos num loop, Alvarenga assenta na bidimensionalidade a que uma tela obriga, pelo que corresponde a uma linha recta de diapositivo em diapositivo. Ainda assim, o brinde da encenadora apela à espacialidade do objecto, ao passo que no de Alvarenga, a espacialidade está na invectiva do seu conselho através de uma permuta de letras. Não uma recomendação, mas subjectivando, Craveiro desfoca e intriga, deslocando a tónica temporal (mas não só) de futuro para presente.

Sendo ambos vídeos – imagem captada de uma acção no espaço –, a proposta de Craveiro contém uma dimensão analógica e a de Alvarenga estritamente digital, aspecto que não será alheio ao facto de que na primeira se tem a figuração e elementos da natureza, recursos ausentes na segunda. E será que estas duas maneiras de dispor e ordenar formas num ecrã ensaiam uma resposta aos filmes de Ruttmann?

 

A MAIOR, VISEU

No todo, são 19 peças curtas, sob a batuta de Portela, sem a qual nada disto aconteceria, que celebram o aniversário viseense (para o mundo). Este subpalco das possibilidades da imaginação permite conhecer lugares e colectivos para quem, como eu, sofre deste mal litoral e capital. Além do Teatro Viriato e do Museu Nacional Grão Vasco, agentes institucionais, passamos a saber do Cineclube de Viseu, prática subversiva e hoje em crescente reaparecimento, da galeria Carmo’81, local de concertos, editora independente e círculo artístico, e ainda os Jardins Efémeros, que propõem uma transformação criativa multidisciplinar, passando pela Companhia Paulo Ribeiro, Galeria Zé dos Bois e Museu do Côa.

Numa curadoria cuja ordem não é despicienda, a missiva que recebemos na forma destes vídeos remata com A Maior: Visita Guiada Virtual de Bruno Zhu, uma hibridez e ambiguidade que percorre loja de utilitários e galeria de arte, meio físico e virtual, prosaísmo e discurso artístico pós-colonial.

A primeira sensação fervilhante que temos ao assistir a esta visita guiada é a de surpresa. Inusitada e desafiante. Parece, pela forma como Zhu nos conduz pela apresentação, que não há intenção de ridículo, humor, transgressão. Mas não é possível não nos cruzarmos com essas ambiguidades inesperadas: o desfile de moda com a sua avó, o enquadramento das peças de arte curadas em disposição com as cuecas à venda na loja e, ainda, uma canção final.

Comecei a ver o vídeo numa sensação de incredulidade e sem perceber ao certo do que se tratava. Desarmante é outro termo forte. Estamos numa loja chinesa, e podemos usar todo o imaginário que estes espaços nos suscitam. Desconfiança em relação à qualidade dos produtos, às pessoas de etnia asiática, o que aliás também se associa ao projecto paralelo Estudo do Meio, também de Bruno Zhu. Estamos num armazém de produtos de uso diário, portanto, um local inesperado para a exibição e fruição artísticas, pese embora todas as práticas de site specific e reenquadramentos artísticos de vanguarda e contemporâneos, armazém que é onde, simultaneamente, numa camada paralela, mas sobreposta, são curados objectos como proposição artística. Objectos como vídeos, fotografias de revistas de moda, capas transparentes com gravuras, manequins, murais, árvores de Natal decoradas, comboios em marcha, panos, livros de colorir, entre outros, que formalmente participam nesse ambiente quotidiano, mas surgem como dissonâncias declarativas, dada a sua dimensão afirmativa de algo extraordinário na sua qualidade ordinária.

A estranheza contagiante desta peça é potenciada pela narração do autor, aliás, Visita guiada é, em rigor, a combinação das imagens em sequência com a orientação pelas palavras de Zhu. O artista, ao mesmo que lê o guião de fala construído, comunica uma franqueza que resulta num ajuste singelo. Bruno utiliza o vocabulário e estilo profissionais, e segue todos os preceitos do discurso sobre as artes visuais contemporâneas[1], submetendo a linguagem codificada da programação artística a uma reorganização daquele espaço de compras incaracterístico e anónimo. Trata-se, portanto, de um requinte de des/naturalização.

Desnaturaliza em duas frentes: por um lado, o discurso de curadoria com os chavões frequentes, por outro, o espaço expositivo típico de uma galeria. Desembraiada a função artística do seu habitat, usando a seu favor o descrédito das lojas bazar, a proposta vinga como caldeirão de tensão de coexistências, onde talvez o circuito de festivais e feiras de arte não se distinga das bagatelas e do coloquial, nem a nacionalidade de pessoas e bens seja clara e unívoca. Além disso, o transeunte regular eventualmente nem dará conta da galeria, e o frequentador de exposições terá de fazer nexo das propostas artísticas pelo meio dos detergentes, cabides de roupa e dos clientes do bazar.

Inversamente, esta Visita Guiada naturaliza ainda uma dimensão kitsch que deixa de estar associada ao grotesco, à vulgaridade, ao sentimentalismo para estar integrada num ambiente convencional. Num espaço de consumo de massas, tendo em conta a performatividade que um bazar inevitavelmente convoca, as peças expostas deixarão de ser citacionais (citação como quando se desloca um índice de uma obra, colocado noutro contexto), porventura já nem auráticas, porém, fundas em personalidade porque engendradas nesse enquadramento atípico.

Por fim, a visita guiada termina com um possível hino português cantado em mandarim (suposição minha) à capela, durante o percurso de um pequeno comboio de brincar, parte de um projecto chamado Caras e Corações, também desenvolvido por Bruno Zhu. Versão e interpretação cantadas, acompanhadas por uma espécie de videoclipe, que cruzam os léxicos de varieties, cosmopolitismo e hibridismo, num efeito de atordoamento e transnacionalismos.

 

RECEBER CARTAS É SEMPRE ALGO QUE ME DÁ ALEGRIA

Começamos com uma espécie de parabéns, frente às velas colocadas num bolo e terminamos com esta ode pangeográfica. Percorremos universos autorais celebrados neste disfarce de carta enviada ao futuro. Carta digital, é certo, imaterial, mas com um selo postal, como evidencia a imagem de capa por Teresa Vale (veja-se a imagem da página online). Com efeito, cartas foram trocadas noutros Aniversários da Arte, e este selo tem o público, a alegria e a imaginação como destinatários. Receber cartas é sempre uma coisa que me deixa feliz. Apercebi-me, ao fechar este texto, e disso queria fazer nota, que começa num tom descrente para acabar conferindo alguma alegria, músculo, ânimo. Pode bem ser este o segredo da criação permanente a que Robert Filliou alude. Carta – recebida, enviada – que gera um fluxo, como o sangue que vem às faces de espanto ou amor ou raiva e, observe-se, não é à toa a relação entre a corrente Fluxus e o movimento da arte postal (Stiles & Selz 1996; Friedman 1995). Tenha-se em conta o proeminente Ray Johnson, artista do movimento Fluxus, que desenvolveu uma prática de mail art criando uma New York Correspondence School no seio daquele movimento. Johnson e outros forjaram uma rede internacional de artistas cujo meio (e, certamente, mensagem) de trânsito eram as cartas.

Podemos reler esta carta as vezes que quisermos e renová-la a cada audição, a cada gesto ou traço, trazendo ao presente, como Marina Abramović desencantando da memória Ernesto de Sousa. Padrinho, inspiração, aparição. Porque a performance é o que permanece (Schneider 2011)[2].

 

[1] Por exemplo, na narração Zhu diz “artistas cujas práticas desconstroem a fisicalidade do quotidiano de uma forma conceptual e emotiva” e “variedade técnica e rigor conceptual que nos interessa”.

[2] Rebecca Schneider, coordenadora do Departamento de Teatro e Estudos de Performance da Universidade de Brown (EUA), estuda a performance, no âmbito das reconstituições históricas da guerra civil, associando-a aos fantasmas e ao reenactement, ou seja, à História e o arquivo.

Discorrendo sobre o desaparecimento e efemeridade da performance (Phelan, Blau, Schechner) e sobre a noção de “em tempo real” (Phelan, Auslander),  desenvolve uma argumentação que, não sendo o tempo linear, o passado surge de modo sincopado, ou carregado de outros tempos, nos vários presentes; o presente é já composto por muitas repetições.

 

Referências

Friedman, Ken (1995). “The Early Days of Mail Art: An Historical Overview”, in Eternal Network. A Mail Art Anthology, Chuck Welch (ed.). Calgary: University of Calgary Press.

Schneider, Rebecca (2011). Performing Remains: Art and War in Times of Theatrical Re-enactment. New York: Routledge.

Stiles Kristine & Selz, Peter (Eds.) (1996). Theories and documents of a contemporary art: a sourcebook of artist’s writings. London: University of California Press.

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