Miguel Bonneville, ® Miguel Bonneville

Intimidades públicas, Performance, performatividades e hibridismo é o título de um ciclo de encontros online, organizado pelas investigadoras Cláudia Madeira, Clara Gomes, Liz Vahia e Raquel Madeira, do Grupo Performance & Cognição, do ICNOVA – Instituto de Comunicação da NOVA. Esta proposta procura suscitar o debate acerca das relações entre a Performance Arte e o conceito de Intimidade, aqui perspectivadas em diferentes dinâmicas: enquanto temática, questão central, ferramenta criativa, ou ainda sobre o espectro das relações íntimas –  do privado ao público, até à relação artista-espectador. 

A palavra ‘performance’ é cada vez mais abrangente, mesmo dentro do campo artístico. Na sua base, no entanto, sobrevivem ainda as ideias de corpo e presença. A performatividade artística vem criar, mesmo que momentaneamente, um encontro em que artista e obra se desvelam numa relação íntima de partilha artística com quem se predispõe a ela. Neste encontro, o corpo é uma ficção, uma construção entre um enraizamento e um desenraizamento, entre corporalidade e incorporalidade, superfície e profundidade. Na performance revelam-se os poderes do corpo, a sua capacidade de criar um espaço comum, criar relações com outros corpos, revelar um interior, afirmar uma singularidade.

O corpo performativo não é passivo, é antes um corpo-sujeito sensual e crente, composto por afecções e pequenas percepções. Este corpo edifica um espaço, toma posse dessa presença, desse lugar onde se insere, criando ‘um espaço que permite que as coisas sejam’. Daqui o poder prospectivo da performance, onde desejos do que ‘há-de vir’ ou do que ‘pode ser’ se materializam na pura acontecimentalidade das coisas.

Este projecto propõe assim mostrar e debater abordagens alternativas e desafiantes sobre questões que relacionam a performatividade com o íntimo, o desejo, as sexualidades, a representação dos corpos e do sexo, ou as novas tecnologias digitais, a partir do campo fértil da Arte da Performance.

As actividades propostas repartem-se por:

Seminários online com  investigadores-artistas que têm vindo a reflectir sobre estas temáticas no seu trabalho, tanto académico como artístico, com o intuito não só partilharem as suas perspectivas e processos de trabalho, como propor conhecimentos e agências alternativas surgidas dessa mesma prática performativa.

Workshop (online) que tem como objectivo desenvolver, num período intensivo, uma práctica performativa tendo por base técnicas e métodos que permitirão trabalhar as questões da presença, corpo e performatividade. É dirigido a um público interessado nos temas propostos, com ou sem experiência artística.  

eBook (2024) que reunirá contribuições dos participantes nas actividades e/ou convidados.

 

Programa Online

 

WORKSHOP com Janaína Leite | “Obscenas contemporâneas” – Corpo e presença online

12 e 13 Abril 2024

Janaína Leite // das 16h às 19h

Seminários

23 Fevereiro 2024

Johannes Birringer// 17h-18h

Miguel Bonneville // 18h-19h

Link de acesso: https://videoconf-colibri.zoom.us/j/96168619917

22 Março 2024

André Luís Rosa // 17h-19h

19 Abril 2024

Raquel André|Efémera // 17h-18h

Susana Mendes Silva // 18h-19h

Bios

Johannes Birringer é coreógrafo e media artist; co-dirige o DAP-Lab, criou inúmeras obras de dança-teatro, video-instalações e projectos digitais em colaboração com artistas da Europa, das Américas, da China e do Japão. É também o fundador de um laboratório intermedia anual realizado numa mina de carvão desativada no sudoeste da Alemanha (http://interaktionslabor.de). A sua última coreo-cenografia, “Mourning for a dead moon”, estreou no final de 2019. A obra de dança telemática “The River of noone” foi encenada online em 2022, e em setembro de 2023 executou a instalação “BirdSongTree Drawings” no KunstTreffPunkt Festival ao ar livre em Darmstadt. É autor, entre outros livros, de “Media and Performance” (1998), “Performance on the Edge” (2000), “Performance, Science and Technology” (2009) e “Kinetic Atmospheres” (2021).

Miguel Bonneville introduz-nos a histórias autoficcionais, centradas na desconstrução e reconstrução da identidade, através de obras que cruzam múltiplas áreas artísticas. Desde 2003, tem apresentado o seu trabalho nacional e internacionalmente, sobretudo os projectos seriados Family Project, Miguel Bonneville e A Importância de Ser. Recebeu o Prémio da Rede Ex Aequo (2015) pelos espectáculos Medo e Feminismos, em colaboração com Maria Gil, e A Importância de Ser Simone de Beauvoir. Estudou Interpretação na Academia Contemporânea do Espectáculo (2000-2003), tendo complementado os seus estudos com os cursos de: Artes Visuais na Fundação Calouste Gulbenkian/Programa Criatividade e Criação Artística (2006), Autobiografias, Histórias de Vida e Vidas de Artista no CIES-ISCTE (2008), Arquivo – Organização e Manutenção no Citeforma (2013), Cyborgs, Sexo e Sociedade na FCSH (2016), e Filosofia e Arte na Mute (2017), entre outros. Foi Director Artístico do Teatro do Silêncio (2018-2023), e fez parte do núcleo de artistas representados pela Galeria 3+1 Arte Contemporânea (2009-2013) e pela estrutura de dança contemporânea Eira (2004-2006).

André Luís Rosa transita entre o teatro, a dança, a performance, a pedagogia e os saberes anticoloniais. Ator, dançarino, performer, iluminador e pesquisador das Artes da Cena e das Imagens em Movimento. É docente na Licenciatura em Teatro da Universidade Estadual de Maringá. Doutor em Estudos Artísticos (Estudos Teatrais e Performativos) pela Universidade de Coimbra/Portugal. Mestre em Artes Cênicas pelo PPGAC/UFBA. Licenciado em Educação Artística (Teatro e Dança) pela UNESP. Seu percurso como docente de teatro, dança e performance inclui as Universidade Públicas UFBA, UFS, UFSM e UFRGS. Trabalha há mais de 25 anos com as artes da cena e do cinema, atuando em mais de 30 espetáculos e experimentos audiovisuais. Fundou o Movimento Sem Prega (Brasil/Portugal) e o Núcleo de Estudos e Criação Cênico-Visual (CNPq/UEM), ambos investigam as dimensões culturais, políticas, espirituais, sexuais/gendéricas e linguísticas, funcionando como uma estrutura laboratorial nômade em arte, educação e mediações tecnológicas. Apresentou seus trabalhos cênicos e ministrou oficinas e masterclasses em mostras e festivais no Brasil, Canadá, Portugal, Espanha, Bélgica e Grécia, dentre os quais se destacam: 2º Symposium Performance and Philosophy, Atenas/Grécia; Hemispheric Institute Performance and Politics of America – 5ª GSI Convergence, Toronto/Canadá; 3ª edição do OnLine Performance Festival Art, Programa Performance, Agora!, Coimbra/Portugal; Exposição Trabalha-Dores do Cu, Porto/Portugal ; I Festival Feminista do Porto/Portugal; Monstruosas: subpolíticas e descolonialidades – Pornífero Festival de Arte Pós-Pornô – Itinerância do Festival de Lima/Peru; Cortejo da Queima das Fitas, Universidade de Coimbra/Portugal; Festival Internacional de Teatro de Santa Maria, Festival Internacional Mujeres Creadoras, Espanha, Possui publicações de suas pesquisas em livros, revistas e periódicos nacionais e internacionais.

Janaína Leite (Brasil/SP) é atriz, diretora, dramaturga e pós-doutoranda pela Escola de Comunicação e Artes da USP. É referência na cena brasileira para a pesquisa dos “teatros do real” com trabalhos premiados como “Stabat Mater” (prêmio Shell de dramaturgia em 2020), Camming 101 noites” e “História do Olho – um conto de fadas porno noir”, pesquisando a relação entre teatro e ponografia. Mais recentemente, se interessa especialmente por linguagens híbridas, a perspectiva ob-cena que aproxima teatro e performance, arte e vida, fronteiras difusas entre práticas artísticas e práticas socio-culturais. Seu trabalho vem atraindo interesse fora do Brasil e já esteve como convidada em países tais quais França, Espanha, Portugal, Chile e México. Integra o programa de dramaturgos latino-americanos que compõem o projeto Bombom Gesell que teve estreia em fevereiro de 2023 no FIBA (Festival internacional de Buenos Aires) e foi uma das artistas brasileiras escolhidas para a criação de um trabalho inédito para a edição “Voices from the South” do Festival de Edimburgo em 2023. Através do edital “Arte no Metaverso” do Itaú Cultural realiza o desenvolvimento de seu novo trabalho “Deeper” sobre realidade virtual e estados limites do corpo e da consciência com estreia em março de 2024.  https://www.janainaleite.com.br/

Raquel André, 1986. É colecionadora, performer, pesquisadora, professora, é artista. Atualmente é doutoranda no Departamento de Estudos Teatrais da Faculdade de Letras – Universidade de Lisboa com bolsa da Fundação para as Ciências e Tecnologia – uma investigação baseada na sua própria prática artística, orientada pela investigadora Paula Caspão. Em 2016 finalizou o Mestrado em Colecionismo nas Artes Cênicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – Brasil, orientado pela artista e pesquisadora Eleonora Fabião. Em 2011 mudou-se para o Rio de Janeiro e isso mudou a sua vida, como artista, mulher e pessoa neste mundo louco. Foi selecionada pelo INOVArt para fazer uma residência artística de 5 meses na Cia dos Atores no Rio e permaneceu por 8 anos. O Brasil deu-lhe a experiência profissional como encenadora – trabalhou em 7 produções com o diretor Bel Garcia, e experiência em curadoria e programação no Centro Cultural – Galpão Gamboa trabalhando com César Augusto, Marco Nanini e Fernando Libonati.

O projeto de 10 anos – Coleção de Pessoas – é um marco inegável na sua trajetória como profissional nas artes cénicas. Um acervo vasto, multidisciplinar e irrepetível que reúne quatro projetos: Coleção dos Amantes, Coleção dos Colecionadores, Coleção dos Artistas e Coleção dos Espectadores. Todas as coleções focam-se na interação de Raquel com os habitantes de um território específico. O seu trabalho percorre amplamente a Europa, América do Norte e América do Sul. Partindo de encontros de um para um, Raquel André pretende construir um arquivo do efémero com espetáculos, performances, conferências, livros e exposições.

Susana Mendes Silva (Lisboa, Setembro 1972) é artista plástica, performer e professora. O seu trabalho integra uma componente de investigação e de prática arquivística, que se traduz em obras cujas referências históricas e políticas se materializam em exposições, acções e performances através dos mais diversos meios de produção. O seu universo contempla e reconfigura contextos sociais diversos sem perder de vista a singularidade do indivíduo. A sua intimidade psicológica ou a sua voz são inúmeras vezes veículos de difusão e recepção de mensagens poéticas e políticas que convocam e reactivam a memória das/os participantes e espectadores. Susana estudou Escultura na FBAUL e frequentou o programa de doutoramento em Artes Visuais (Studio Based Research) no Goldsmiths College, Londres, tendo sido bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian. É Doutorada em Arte Contemporânea, pelo Colégio das Artes da Universidade de Coimbra, com a tese baseada na sua prática performativa – A performance enquanto encontro íntimo. É professora auxiliar na Universidade de Évora na licenciatura de Artes Visuais e Multimedia e no mestrado de Arquitectura Paisagista. É também investigadora integrada no CEIS20 / Universidade de Coimbra.

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